Antropometria ou Bioimpedância?

Para uma adequada prescrição da dieta ou até mesmo de exercícios físicos, é necessário que os profissionais como o nutricionista e o educador físico, conheçam bem os aspectos morfológicos de seus pacientes/clientes. Claro que dentro da nutrição existem muitos outros fatores importantes para avaliar, mas o foco nesta matéria é falar sobre os diferentes métodos de avaliação corporal.

A avaliação corporal objetiva quantificar os diferentes componentes corporais, os mais utilizados são de gordura corporal e massa magra. Normalmente o mais utilizado é o de gordura corporal, pois permite identificar se o avaliado está dentro dos padrões adequados para sua modalidade para obter os melhores resultados do ponto de vista esportivo. Exemplo: Se um lutador está com excesso de gordura corporal, ele pode não ter a agilidade necessária, peso ou até mesmo a resistência para aguentar sua luta. Já um corredor com excesso de peso, irá sobrecarregar constantemente seus joelhos, tornozelos, tendões e articulações devido ao constante impacto com o “peso extra” que está carregando. E claro, ainda tem o foco da estética, que cada vez mais as pessoas buscam um corpo saudável, mas com o foco quase exclusivo na beleza.

Existem diferentes métodos de avaliação indireta da morfologia do indivíduo como:

Pesagem hidrostática: Um dos primeiros métodos de avaliação da composição corporal. A mensuração do volume corporal é calculado através do deslocamento de água que ocorre quando o avaliado fica submerso em uma piscina com ajuda de um equipamento específico.
Absormetria de dupla energia (DEXA): É considerada como padrão-ouro nos estudos de validação de métodos e avaliação de composição corporal e determinação da densidade óssea. É um método invasivo obtido através de raios-X. Apresenta alto custo e não acessível para todos.
Pletismografia (BODPOD): É uma espécie de cápsula, um equipamento relativamente recente, de alto custo, que utiliza a relação inversa entre pressão e volume, para determinar o volume corporal.
Bioimpedância: Neste método uma corrente elétrica ( de baixa intensidade) circula pelo corpo do indivíduo, onde a gordura corporal é a resistência do fluxo da corrente elétrica, e a água corporal é um bom condutor da corrente. Avalia, massa gorda, massa magra e quantidade de água corporal.
Antropometria (A qual utilizo): Peso, estatura, perímetros, dobras cutâneas e diâmetros ósseos. Com essas medidas, utiliza-se equações preditivas de estimativa da quantidade de gordura corporal, massa magra, e somatotipia (falaremos numa futura matéria).

Agora vamos nos focar nos dois tipos de avaliação corporal mais utilizados pelos nutricionistas e educadores físicos, e avaliarmos as diferenças entre elas, e o porque eu optei em trabalhar com Antropometria.
Lembrando que não existe certo ou errado, cada profissional escolhe a melhor forma para avaliar a sua população alvo e foco do seu trabalho.

Características da Antropometria:

Não invasivo.
Método barato de avaliação.
Requer habilidade e prática do avaliador.
Adequado para avaliar todo paciente individualmente e não população.

Desvantagens da Antropometria:

Depende da habilidade do avaliador para uma correta medição.
Ideal sempre ser realizada pelo mesmo avaliador, devido a técnica e protocolo utilizado.
Não realizar atividade física no dia da avaliação.
Edemas, tanto em doenças quanto mulheres no período menstrual pode interferir no resultado devido a retenção hídrica, principalmente em membros inferiores.

Características da Bioimpedância:

Método rápido e fácil de realizar (parte do avaliador)
Não invasivo e confortável para o paciente
Relativamente barato
Não requer habilidade do avaliador
Método mais adequado para avaliar obesos.
Indica a quantidade de água corporal.

Desvantagens da Bioimpedância:

O avaliado tem participação decisiva nos resultados pois deve obedecer a uma série de procedimentos para que o resultado não seja comprometido.
Altamente influenciado pelo estado de hidratação do avaliado.
Procedimentos para avaliação da bioimpedância:
Jejum de líquidos e sólidos 4 horas anteriores a avaliação;
Não ingerir bebidas alcoólicas nas ultimas 48 horas
Pacientes com marcapasso não podem realizar o exame
Mulheres no período menstrual não podem realizar devido a retenção hídrica que ocorre neste período.
Mulheres gestantes também não podem realizar a avaliação.
Não pode haver ingestão de diuréticos nos 7 dias que antecedem o exame (pensem aqui…. o paciente não pode tomar chás, café, alguns suplementos esportivos, entre outros componentes alimentares que contém quaisquer substância diurética).
Não realizar atividade física nas ultimas 24-48 horas (Apenas por diversão, oriente pra um corredor a ficar 1-2 dias sem treinar e me contem a resposta depois, =))

As desvantagens da bioimpedância afetam diretamente quem trabalha com esporte, tornando inviável. Mas uma coisa que pra mim é questionável neste método é: No aparelho de bioimpedância, é necessário inserir alguns dados básicos do paciente, peso, altura, sexo e a informação se ele é sedentário ou atleta. Quando reavaliamos o mesmo paciente modificando apenas esta última informação, a máquina apresenta um resultado bem diferente. Então, se estou com o mesmo paciente e mesmas informações, como é possível 2 resultados diferentes na mesma situação?

Apesar de mais trabalhoso e demorado para o profissional, eu prefiro realizar as medidas individuais de cada paciente – antropometria, pois saberei onde está perdendo ou não gordura, quanto cresceu seu músculo no quadríceps ou no braço, acompanharei a evolução do paciente em cada parte do corpo com mais precisão.

Ajudando a direcionar o paciente em qual a parte do corpo ele deve dar ênfase nos treinos, quais não estão dando resultados, etc.

Esse conteúdo tem a pretensão de ser atemporal, portanto, caso você que está lendo encontre falhas com referência, por gentileza entre contato pelos comentários.

Referencias Bibliográficas:

Antropometria: Técnicas e Avaliações. Petroski, E.L. 5 ed. Palotti, 2011.
Estratégias Nutricionais e Suplementação no Esporte. Biesek, S. Alves, L. A. Guerra, I. 2 ed. São Paulo. Manole, 2010.